História Global

Uma start-up do século XIX que lidera no século XXI

notA gama de produtos da empresa cresceu significativamente ao longo dos anos e, já como sociedade anónima, em 1881, a “Farbenfabriken vorm Friedr Bayer & Co” afirmou-se como uma companhia química internacional. Após a Primeira Guerra Mundial, em 1925, passou a fazer parte do conglomerado IG Farbenindustrie AG e após a Segunda Grande Guerra escapou ao desmantelamento, restabelecendo-se como uma empresa independente, a"Farbenfabriken Bayer AG".

O ritmo de crescimento intensificou-se nas últimas décadas, com a Bayer a manter a sua capacidade de inovação, a criar novos materiais usados por dezenas de industrias e a reforçar-se nas denominadas ciências da vida -  cuidados de saúde e agricultura - duas vertentes que foram sistematicamente ampliadas, especialmente com as aquisições da Aventis CropScience e da Schering AG, já no século XXI.

 

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Em 1863, Friedrich Bayer (1825-1880) e Johann Friedrich Weskott (1821-1876) juntaram-se para criar uma empresa produtora e distribuidora de corantes sintéticos, uma inovação química especialmente importante para a indústria dos têxteis. Em 1881, após anos de impressionante crescimento e já com mais de 300 colaboradores, a empresa foi transformada em sociedade anónima e passou a denominar-se "Farbenfabriken vorm. Friedr. Bayer & Co.".

 

Até 1913, a Bayer desenvolveu-se como uma empresa química, com produtos inovadores e operações internacionais. Neste mesmo ano, 80% das suas receitas resultavam já das exportações e o número de trabalhadores no estrangeiro – Bélgica, EUA, França, Reino Unido e Rússia – ascendia a cerca de mil (de um total de 10 mil).

 

Nesta altura, o estabelecimento do Departamento Farmacêutico e a instalação de um grande laboratório científico por Carl Duisberg (1861–1935) foi determinante na Investigação e Desenvolvimento (I&D) de novos produtos, destacando-se entre eles a Aspirina®, desenvolvida por Felix Hoffmann e lançada em 1899.

 

O efeito da I Guerra Mundial foi devastador para a Bayer, que foi gradualmente integrada na economia de guerra e na produção de armamento: perdeu os seus ativos e mercados internacionais; foi expropriada na Rússia e confiscada nos EUA, país onde as suas patentes e marcas foram leiloadas entre a concorrência. A inflação galopante levou à exaustão das reservas financeiras da empresa e só a cooperação entre a equipa de gestão e os colaboradores permitiu suportar as dificuldades da guerra e pós-guerra, para manter a empresa até à estabilização da Alemanha, em 1923/24.

 

Para reconquistar os mercados internacionais, Bayer, BASF, Agfa e várias outras empresas da indústria de corantes tinham formado uma “Comunidade de Interesses” que, em 1925, viria a dar lugar a uma fusão: nascia a I.G. Farbenindustrie AG (IG), para a qual a Bayer transferiu os seus ativos. Apesar de deixar de existir como empresa, o seu nome e símbolo - a Cruz Bayer - mantiveram o reconhecimento, passando a ser usados comercialmente nos produtos farmacêuticos IG.

 

Na década de 30, a inovação voltou a dar frutos surpreendentes, com materiais como a borracha poliacrilonitrila butadieno e os poliuretanos, com avanços significativos na pesquisa de medicamentos para a malária e com a descoberta do efeito terapêutico das sulfamidas, que valeu a Gerhard Domagk (1895–1964) o prémio Nobel da Medicina, em 1939.

 

Neste mesmo ano, a II Guerra Mundial voltaria a devastar os ativos da empresa: as instalações da IG foram consideradas “vitais para a guerra”, enquanto muitos dos seus colaboradores eram enviados para os campos de batalha e substituídos por prisioneiros de guerra.

 

Com o fim da Guerra, as Forças Aliadas tomaram a IG, que voltou a perder os seus mercados, marcas e patentes. Parte das instalações foram, no entanto, mantidas, sob a direção de Ulrich Haberland (1900–1961) uma vez que os Aliados reconheceram a necessidade de manter o fornecimento às populações. Em vez de dissolverem o Grupo, como estava inicialmente previsto, os Aliados apoiaram a criação de 12 empresas competitivas, entre as quais estava a Farbenfabriken Bayer AG. Estabelecida em 1951, integrou várias das antigas áreas de negócio e instalações da IG, assim como a Agfa.

 

A reconstrução da Bayer esteve intimamente ligada ao chamado “milagre económico” da República Federal Alemã e, com este impulso, o Grupo voltou a expandir-se nos EUA, América Latina e Bélgica. Através de fusões e aquisições entrou ou consolidou-se em novas áreas de negócios, salientando-se a fusão com a Deutsche BP (1957), que a levou ao setor petrolífero, e a absorção das duas maiores empresas de fotografia pela Agfa (1964).

 

A atividade de I&D foi igualmente retomada, com importantes inovações a contribuir para a expansão da empresa, incluindo a química dos poliuretanos, novos produtos de proteção de culturas, novas fibras como a Dralon, o termoplástico Makrolon®, novos medicamentos cardiovasculares, antifúngicos dérmicos e antibióticos de largo espetro.

 

Em 1963, 100 anos depois da fundação e já sob a presidência de Kurt Hansen, a Bayer voltava a empregar cerca de 80 mil pessoas.

 

Apesar do difícil contexto criado pela crise petrolífera de 1973/74, a Bayer prosseguiu o seu crescimento e expandiu atividades, quer na Alemanha, quer nos EUA, onde adquiriu a Cutter Laboratories (1974) e a Miles Laboratories (1978), reforçando-se entre as farmacêuticas no mercado norte-americano. Intensifica também os seus esforços de I&D, em especial nas áreas farmacêutica e da proteção de culturas, para as quais foram inaugurados novos centros de pesquisa. Os resultados não se fizeram esperar, com o medicamento cardiovascular Adalat® (1975), o antibiótico Ciprobay®/Cipro® (1981) e o antifúngico para a proteção de culturas Bayleton® (1976), entre outros.

 

Com a consciência ambiental a despertar, nos anos 70, a Bayer reforça igualmente o investimento no tratamento de águas industriais e na redução de emissões. Entre 1977 e 1987, reduz a presença de metais pesados nas suas águas em mais de 85% e as emissões atmosféricas em 80%. Em 1987, anuncia um programa ambiental quinquenal, ao qual dedica 3 mil milhões de marcos.

 

Os mercados externos voltam a ter grande representatividade no escoamento dos produtos Bayer, de tal forma a que, em 1987, 78% das vendas eram geradas no exterior e 45% dos seus colaboradores trabalhavam em subsidiárias por todo o mundo. Em 1988, sob a liderança de Hermann Josef Strenger, o Grupo celebrou o seu 125º aniversário com mais de 160 mil trabalhadores e uma faturação global próxima dos 40 mil milhões de marcos.

 

A queda do muro de Berlim e a abertura ao Leste europeu propiciaram a entrada em novos mercados e não apenas como fornecedora, já que, logo em 1994, a antiga Alemanha de Leste tinha já uma fábrica a produzir Aspirina®.

 

A expansão prosseguiu também na América do Norte. Por um lado, a Bayer fez, em 1990, a sua maior aquisição de sempre - a Polysar Rubber, em Toronto – tornando-se na maior fornecedora de matérias-primas para a indústria da borracha. Por outro, sob a liderança do Dr. Manfred Schneider, em 1994, comprou a farmacêutica norte-americana Sterling Winthrop, uma aquisição que, depois de 75 anos, lhe permitiu recuperar os direitos de utilização do nome e cruz Bayer nos EUA.

 

Em tempo de desenvolvimento global, inaugura-se em 1995 mais um centro de pesquisa farmacêutica, juntando o Japão aos EUA e à Europa como principais centros de investigação. A aposta é ainda reforçada através alianças com inúmeras instituições e empresas inovadoras na área da biotecnologia.

 

Em 1999, celebra-se o centenário da Aspirina®. A compra da Lyondell Chemical Company (2000) e da Aventis CropScience (2001) fazem da Bayer a maior produtora mundial de matérias-primas para os poliuretanos e a líder mundial em proteção de culturas. No ano seguinte, a BayerCropScience cria uma área de negócio própria e, em 2003, a reorganização do Grupo consolida-se com a formação de novos subgrupos – Bayer Healthcare, Bayer MaterialScience - e de empresas de serviços que dão lugar à atual configuração do Grupo.

 

As aquisições prosseguem: em 2005, com a Roche Consumer Health (medicamentos sem prescrição); em 2006, com a Icon Genetics (engenharia genética) e a Schering (farmacêutica); e em 2009, com a Athenix Corp (biotecnologia), ampliando a sua oferta e reforçando a pesquisa e inovação em disciplinas emergentes. Em contrapartida, em 2007, vende a sua divisão de diagnósticos.

 

A inovação continua em todas as áreas, dando lugar a projetos visionários, como o primeiro edifício verde, com “zero emissões” (2009). O compromisso da Bayer com a sustentabilidade, a preservação ambiental e a responsabilidade social reforçam-se com o lançamento de inúmeros projetos, entre os quais o programa global “Bayer Climate Program” (2007), com metas ambientais ambiciosas para os próximos 15 anos, ou a constituição das Fundações Bayer: Bayer Science & Education Foundation e Bayer Cares Foundation.

 

Em 2013, a Bayer celebra os seus 150 anos.